A Expansão Inglesa

Como se deu a expansão inglesa? No final do século XV e início do XVI, o Reino da Inglaterra compreendia a Inglaterra, o País de Gales e uma faixa costeira da Irlanda. A Escócia era um reino independente durante esse período, a Inglaterra conheceu uma relativa paz interna, o que permitiu o desenvolvimento das atividades mercantis e manufatureiras, embora a agricultura continuasse predominando.

A partir do século XV, a agricultura começou a transformar-se. Até então, predominavam as terras comunais, que todos os membros de uma aldeia ou condado tinham o direito de utilizar para o pastoreio ou para as plantações. Com o desenvolvimento das manufaturas da lã, a nobreza começou a cercar as terras para criar ovelhas. O governo inglês permitiu que cada homem cercasse as terras e tomasse-as como de uso particular, de acordo com a quantidade de terras que usasse anteriormente esse processo recebeu o nome de cercamentos. Como os mais ricos usavam mais terras, acabaram ficando com mais áreas de pastagens. Os mais pobres foram expulsos SOS do campo e migraram para as cidades, onde constituíam multidões de vagabundos e mendigos, perambulando em busca de emprego ou da caridade. Eram os enjeitados de uma sociedade em rápida expansão demográfica e econômica.

Na capital, Londres, encontravam mais chances de sobrevivência, ocupando-se de pequenos trabalhos ou de atividades marginais, como o roubo e a prostituição. As classes altas não se importavam com essa marginalidade: tão preocupadas com a mera sobrevivência, eram incapazes de revoltar-se ou provocar anarquia política. Só no final do século XVI e no XVII, foi que os chamados homens de bem tomaram consciência de que existia um submundo do crime, que precisaria ser eliminado do reino o desenvolvimento inglês havia enriquecido uma minoria, mas empobrecido a maioria da sociedade.

No final do século XV e início do século XVI, o poder real progredia na Inglaterra, embora de forma mais modesta que na Europa continental. Em nenhuma parte do reino havia grandes feudos autônomos, como ocorria na França.

Impedido pelo Parlamento de aumentar os impostos, o poder real tinha de adotar outra estratégia para expandir seus rendimentos. A Dinastia dos Tudor, com Henrique VII (1485-1509), deu início ao inglês, que não se compara ao francês. Nenhum rei Tudor defendia o direito divino dos reis. Isso era impensável num país onde o Parlamento gozava de um grande poder nominal.

Os soberanos eram obrigados a consultar o Parlamento, que sempre aprovava os pedidos dos Tudor. Esse bom relacionamento devia-se ao fato de que os Tudor faziam uma política que favorecia os cavaleiros e os grandes burgueses, classes que controlavam o Parlamento. A Reforma Protestante permitiu aos Tudor fortalecer sua autoridade. O rei tomou-se o chefe da Igreja Anglicana, e a venda dos bens da Igreja Católica para os cavaleiros e grandes burgueses canalizou para o tesouro real a quantia de 1,5 milhão de libras esterlinas.

O grande destaque da Dinastia Tudor foi a rainha Elizabeth I, filha de Henrique VIII. Como seu pai, tinha uma grande paixão pelo poder, que influiu até em sua vida pessoal. Jamais se casou para não compartilhar o poder, advindo daí a mística da rainha virgem, que dera sua vida pela Inglaterra, o que contribuiu para sua grande aceitação popular.

Na verdade, a rainha teve inúmeros amantes. Elizabeth I transformou o Parlamento em mero órgão referendarão de sua política. Reduziu as sessões, muitas vezes não acatou suas proposições e garantiu um poder absoluto de fato. Não sofreu nenhuma oposição sobre questões financeiras ou religiosas, salvo no fim de seu reinado.

As únicas dificuldades vieram da Irlanda católica, que se levantou contra o domínio protestante inglês. Em nome da religião oficial anglicana, a rainha perseguia católicos e outros protestantes mais raciais, como os puritanos e anabatistas.

Na política externa, Elizabeth I aliou-se aos países protestantes contra Filipe II da Espanha, defensor fanático do catolicismo romano. Essas intervenções na política europeia visavam defender os interesses da Inglaterra, que desejava dominar o comércio marítimo mundial, sob o poder da Espanha.

Na primeira metade do século XVI, a situação da Inglaterra não era das melhores. Seus 4 milhões de habitantes não eram significativos, comparados às populações da França ou da Espanha.

As instituições financeiras e as atividades comerciais eram primárias, se comparadas às dos Países Baixos ou das cidades italianas, embora conhecesse um grande desenvolvimento manufatureiro durante o período Tudor.

A Inglaterra não possuía um exército permanente, enquanto a rival Espanha tinha o maior e melhor exército do mundo, não participava do comércio marítimo e colonial, embora a marinha inglesa fosse relativamente bem-equipada. As tentativas marítimas inglesas eram tímidas. Marinheiros a serviço dos comerciantes de Britou e Londres fracassaram ao tentar encontrar o caminho marítimo para as Índias pelo noroeste e nordeste.







Em 1553, penetraram no Mar Branco, encontraram o Rio Volga e, descendo-o até o Mar Cáspio, alcançaram a Pérsia. Nessa época, os ingleses contentavam-se em praticar o contrabando no império português, que era incapaz de manter seu monopólio quando Elizabeth I assumiu o poder, em 1558, a Inglaterra passou a preocupar-se com um conflito iminente com a Espanha. Era necessário superar as deficiências militares, econômicas e financeiras inglesas para enfrentar a potência espanhola.

A fim de obter capitais, a Inglaterra passou a atacar o rico comércio de prata das colônias espanholas. Além de fortalecer o reino, os ataques de piratas e corsários enfraqueceriam a Espanha. Os ingleses também enviaram tropas para lutar ao lado dos franceses e rebeldes protestantes contra o domínio espanhol nos Países Baixos. O objetivo inglês era enfraquecer a Espanha e prolongar a guerra os corsários que atacavam os galeões espanhóis eram financiados pelo Estado inglês, que participava nos lucros das expedições.







A medida que os marinheiros e corsários ingleses dominavam o conhecimento das rotas marítimas, surgiram companhias de comércio que aplicavam seus capitais na expansão marítima. Em 1581, a Companhia do Levante permitiu aos ingleses tomar o lugar dos venezianos e fazer negócios no Oriente, como, por exemplo, a troca de tecidos por especiarias. A Companhia das Índias Orientais, criada em 1600, utilizou a rota do Oriente, que até então era conservada pelos portugueses e espanhóis.

Um dos propósitos ingleses era ocupar os territórios espanhóis da América, ainda pouco habitados e longe da metrópole. Em 1583, Sir Humphrey Gilbert tomou posse da Terra Nova. Em 1584, sir Walter Raleigh enviou uma expedição para fundar uma colônia na América do Norte, batizada de Virgínia em homenagem à rainha virgem. Desde 1583, Filipe II da Espanha, que já financiava os rebeldes irlandeses contra o domínio inglês, resolveu atacar a Inglaterra. O rei espanhol visava dois ganhos com esse ataque: acabar com a heresia protestante e destruir as bases corsárias que atacavam seu império colonial.

Em 1588, a Invencível Armada espanhola, com 160 navios e mais de 27 mil homens, atacou a Inglaterra uma tormenta e os corsários ingleses destruíram a Invencível Annada. A partir de então, a Inglaterra tomou-se importante potência marítima.

No século XVII, os ingleses iniciaram a colonização da costa atlântica dos Estados Unidos e, em meados desse século, tomaram a Jamaica e outras ilhas espanholas do Caribe, além de estabelecerem feitorias na África e na Ásia.

Portanto, a expansão inglesa é apoiada numa poderosa armada tecnologicamente evoluída.







Atualizado em: 04/07/2023 na categoria: História Geral