Crônicas Historiográficas

Outra forma de manifestação literária durante o humanismo renascentista foram as Crônicas Historiográficas, que consistiam no relato de acontecimentos relacionados com a história de Portugal e os feitos gloriosos de seus grandes homens e heróis.

O principal autor deste tipo de literatura em Portugal durante o humanismo renascentista foi Fernão Lopes o qual é considerado o “Pai da Historiografia Portuguesa” por ter sido o primeiro grande prosador do país tendo obras relevantes como Crônicas d´el Rei Dom Pedro I, Crônicas d´el Rei Dom Fernando e outras.

Ao considerar as características principais das Crônicas Historiográficas a principal delas é a inserção de muita pesquisa e investigação para a sua realização proporcionando uma visão global da sociedade portuguesa neste momento de forma bem imparcial mas com o surgimento do chamado regiocentrismo ao exaltar certa localidade ou região de Portugal.

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Com relação à escrita propriamente dita, as Crônicas Historiográficas possuem como grandes marcas ações bem dramatizadas permitindo a real dimensão de sua ocorrência, descrições com muita plasticidade para a compreensão exata do leitor sobre a situação vivenciada.

Além disso, ocorre neste tipo de literatura referente ao período do humanismo renascentista diálogos muito bem criados bem como uma maior valorização da população mais simples em uma linguagem culta, sóbria e bem articulada nos textos produzidos.

Exemplo de crônica historiográfica

“Nosso desejo foi em esta obra escrever verdade, sem outra mistura, deixando nos bons aquecimentos todo fingido louvor, e nuamente mostrar ao povo, quaisquer contrárias cousas, da guisa que avieram.”

“Se outros por ventura em esta crônica buscam fremosura e novidade de palavras, e não a certidão das estórias desprazer-lhes-á de nosso razoado, muito ligeiro a eles de ouvir, e não sem grão trabalho a nós de ordenar. Mas nós, não curando de seu juízo, deixados os compostos e afeitados razoamentos, que muito deleitam àqueles que ouvem, antepomos a simples verdade, que a afremosentada falsidade. Nem entendais que certificamos cousa, salvo de muitos aprovada, e por escrituras vertidas de fé; doutra guisa, antes nos calaríamos, que escrever cousas falsas.” 

Crônica de D. João I, de Fernão Lopes

Atualizado em: 04/07/2023 na categoria: Literatura