As Cantigas de Escárnio e Maldizer eram satíricas e buscavam criticar e ridicularizar alguém. As características das cantigas de escárnio incluam críticas mais cômicas e debochadas, feitas a alguém não identificado, mas que realmente existia. As cantigas de maldizer eram mais diretas e com linguagem mais agressiva, explícita e erótica.
Cantigas de Escárnio
Nas cantigas de escárnio se falava mal de alguém usando trocadilhos, a forma semântica das palavras e também ambiguidades. Esse processo de construção foi chamado de Equívoco.
O humor presente nessas cantigas era expresso durante a sua declamação pelos trovadores com o uso de recursos de oratória, com vozes e expressões verbais que indicavam as críticas feitas em sua produção textual.
Neste caso, como a pessoa de quem se falava não podia ser divulgada, o poeta deveria deixar a criatividade fluir ao contar esta história com o uso de expressões e gestos bem irônicos para demonstrar o que estava sendo dito no poema.
Exemplo de Cantiga de Escárnio
Para a sua melhor compreensão, vamos mostrar a seguir um exemplo de cantiga de escárnio para que você compreenda as características e conceitos mostrados:
“Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia! (…)”.
Cantigas de Maldizer
As cantigas de maldizer traziam uma crítica direta para certa pessoa a qual era, na maioria das vezes, identificada com o uso de uma linguagem, muitas vezes, bem culta, mas muito agressiva e às vezes até obscena, utilizando recursos adicionais, como a zombaria em sua escrita.
Esta segunda modalidade de poema satírico típica do trovadorismo era muito agressiva e bastante erótica, sem considerações ou meias palavras, utilizando, muitas vezes, termos mais baixos e populares.
Para uma melhor compreensão, leia a seguir um exemplo de cantiga de maldizer verificando a presença das características típicas deste tipo de produção literária:
“Marinha, o teu folgar
tenho eu por desacertado,
e ando maravilhado
de te não ver rebentar;
pois tapo com esta minha
boca, a tua boca, Marinha;
e com este nariz meu,
tapo eu, Marinha, o teu;
com as mãos tapo as orelhas,
os olhos e as sobrancelhas,
tapo-te ao primeiro sono;
com a minha piça o teu cono;
e como o não faz nenhum,
com os colhões te tapo o cu.
E não rebentas, Marinha?”.
Atualizado em: 04/07/2023 na categoria: Literatura